sexta-feira, 10 de outubro de 2008



Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.


Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.


Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.


Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.


Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.


Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.

Estejamos vivos, então!
Pablo Neruda


2 comentários:

Xanoxa disse...

Acabei de comentar com a Patricia que vou imprimir este poema e colocá-lo na minha mesa de cabeceira como modo de vida!
Que tudo te corra bem e que estes sejam apenas os primeiros postes de uma grande viagem da vida...
Um beijo,

Xana (amiga da Pi!!)

Anónimo disse...

Patricia, que poema tão lindo! Um verdadeiro hino à vida... ou ao que ela deve ser!

Beijinhos

Pi (de Algés e não da Parede :)